(Da Carta aos Eleitores do Círculo Eleitoral de Sintra In Jornal
do Commercio, Industria e Agricultura, n.º 1399, Lisboa, 23 de Maio de
1858.)
...Na verdade, a doutrina de que o excesso de acção
administrativa, hoje acumulada, deve derivar em grande parte do centro para a
circunferência repugna aos partidos, e irrita-os. Sei isso, e sei porquê. Os
partidos, sejam quais forem as suas opiniões ou os seus interesses, ganham
sempre com a centralização. Se não lhes dá maior número de probabilidades de
vencimento nas lutas do poder, concentra-as num ponto, simplifica-as, e, obtido
o poder, a centralização é o grande meio de o conservarem. Nunca esperem dos
partidos essas tendências. Seria o suicídio. Daí vem a sua incompetência, e
nenhuma autoridade do seu voto nesta matéria. É preciso que o país da
realidade, o país dos casais, das aldeias, das vilas, das cidades, das
províncias acabe com o país nominal, inventado nas secretarias, nos quartéis,
nos clubes, nos jornais, e constituído pelas diversas camadas do funcionalismo
que é, e do funcionalismo que quer e que há-de ser.
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