“Um chefe
eleito não realiza a unidade nacional,
porque foi escolhido por um partido contra outro candidato, é o vencedor de uma
guerra civil, muitas vezes sangrenta; não é forte,
porque o seu poder teve origem numa competição em que pode ter triunfado por um
voto e, sobretudo, porque recebeu directamente a investidura daqueles sobre quem
deve imperar; não é independente,
porque o chefe de hoje pertencia a um partido e não deixou secretamente de pertencer-lhe,
por convicção, por gratidão e por futuro interesse político; não é contínuo, porque exerce o poder a prazo definido,
geralmente curto, e porque o eleito, por orgulho que visa à imortalidade, não
prossegue, normalmente, nas iniciativas do seu antecessor; não pode efectivar a
intenção nacional quem representa uma
parte do todo, e quem não é forte, livre e persistente, indigno e incapaz há-de
ser de persognificar a Nação, organizada em Estado.”
Hipólito
Raposo in Aula Régia - A Reconquista das Liberdades 1936 (ortografia da época)
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