terça-feira, 23 de agosto de 2011

O poder das pessoas e das suas comunidades


Durante décadas a direita tradicional liberal fez a apologia dos mercados como motor da humanidade. Do outro lado a esquerda socialista agarrava-se ao estado tutor centralizador, mais tarde convertido em “estado social”. Hoje temos um mundo em crise, motivada por esta dicotomia de sistemas que esqueceu uma terceira via: as pessoas e a sua organização comunitária natural.
Vivemos numa sociedade de informação e comunicação que promove a participação e possibilita o regresso à vida comunitária. Podem existir fórmulas de democracia que sejam diferentes da representação partidária que temos. A democracia directa e participativa, é nos dias de hoje, com os meios de comunicação existentes, cada vez mais uma possibilidade real. Pelo menos ao nível da organização comunal. Os municípios portugueses, com toda a sua identidade histórica, podiam ser entidades comunais, com poderes administrativos substancialmente maiores e que poderiam ser governados por um sistema de democracia directa (assente nas assembleias comunais). Depois, basta coroar essas repúblicas de homens livres, com um Rei que una a nação. Bastaria um rei para unir a nação e alguns ministros (eleitos por uma assembleia de representantes comunais e corporativos) para questões de administração central e relações exteriores. Um governo com substancialmente menos poderes. Um Rei que representa a nação para a chefia do estado, das forças armadas e dos negócios estrangeiros. É apenas uma ideia diferente de sociedade. Mas merece pelo menos o respeito de alternativa perante a falência do modelo actual.
Se continuarmos na velha dicotomia entre a apologia dos mercados e do estado social, apenas continuamos a criar seres egoístas, que lutam nas ruas, não pela liberdade ou por outra qualquer causa comunitária, mas por um LCD, um plasma ou um computador, que possam levar para a sua casa depois da montra partida. Apenas continuamos a alimentar predadores dos solos férteis e dos recursos naturais, que não se importam com o que poderá acontecer nas gerações seguintes, desde que consigam obter o lucro fácil numa qualquer operação especulativa.
Devolvamos pois o poder às pessoas e às suas comunidades.

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