sexta-feira, 2 de setembro de 2011

"O PODER ÀS COMUNAS!" Comunicado de 1975 da delegação distrital de Viseu do PPM

O PODER ÀS COMUNAS!

Sim! O Poder às bases, prioritariamente às Comunas Rurais, como única forma de acabar com a escandalosa desigualdade - social, económica, política - entre a Cidade e o Campo.

Em cada Comuna, uma Assembleia Comunal que diga para sempre - NÃO! - ao absolutismo do Poder Central e dos seus tentáculos sugadores: o «distrito» actual, de natureza napoleónica e fascista, e o «concelho-repartição pública» que nada mais representa que a Administração Central opressora, que desconhecendo normalmente as necessidades e características locais (que só chegam aos órgãos centrais, através de interesses particulares ou políticos) se limitam directa ou indirectamente a valorizar os grandes centros urbanos em detrimento dos pequenos centros populacionais e dos campos. E, por consequência

Não! - à simples descentralização

Sim! - à Administração local e Interna, em tudo o que interesse às comunidades rurais

Queremos a valorização integral - política, social e económica - das Comunas Rurais para que Portugal não morra!

Por tal, o PPM - Delegação Distrital de Viseu — acredita que o futuro de Portugal como Nação independente, depende, fundamentalmente, da existência do mundo rural e não da construção de auto-estradas, à custa dos bens e trabalho dos camponeses e agricultores; e não depende também, de fábricas de automóveis ou de siderurgias, sem hipótese de concorrência nacional ou internacional, de obras de fachada de alto custo e duvidosos fins, realizadas normalmente à custa de capital estrangeiro. E não podemos, por outro lado, sob pena de nos afundarmos todos, permitir que continue o draino de divisas para o exterior em troca de géneros alimentícios — o que nos levará a um maior empobrecimento e fará de nós pedintes crónicos e aquilo que menos desejaríamos ser: escravos do capital estrangeiro, seja ele americano, sueco ou russo.

Ora para evitar o caos e a servidão do jugo estrangeiro, urge, portanto, que se valorize, para já, o mundo agrário, em benefício do todo nacional, entregando, por um lado a administração local às comunidades interessadas e, que, uma vez organizadas de forma auto-gestionária poderão, melhor que ninguém tomar as decisões colectivas que sirvam, concretamente, às suas necessidades e anseios. Por outro lado, caberá ao Estado, através de organismos especializados, fornecer às Assembleias Populares, às Comunas, ao agricultor, os meios técnicos, financeiros e outros de que carecem.

Os caminhos da Justiça e prosperidade nacionais passam sem sombra de dúvida, antes de mais, pela valorização do Homem Rural, pela valorização da terra-em termos de fertilidade e não em termos de compra e venda de terrenos, por uma verdadeira agricultura em condições reais de existência e pelas indústrias complementares e outras a essa agricultura.

Criar poder de compra onde hoje se vive em condições da mais elementar precariedade, é, portanto da mais estrita justiça e condição sine qua non para o arranque económico que desatrelará, por fim, a carruagem lusitana, do lugar derradeiro no comboio europeu.

E entende, finalmente, a Delegação Distrital de Viseu do Partido Popular Monárquico que, só assim poderemos aspirar à unidade pátria, viva, na riqueza, autonomia e liberdade das suas Comunas - acabando duma vez para sempre com as duas Pátrias num mesmo País: a Pátria da Cidade e a Pátria do Campo, a Pátria dos Césares e a Pátria dos Servos, a Pátria dos Ricos e a Pátria dos Pobres, pois que- O Povo Rural - Também é Portugal!

DELEGAÇÃO DISTRITAL DE VISEU
1975
(do caderno 4 das edições PPM)

1 comentário:

  1. Tivemos a oportunidade aquando do referendo sobre a regionalização e deitámo-la fora. Mas faz sentido, tudo isto faz cada vez mais sentido, o poder local tem de afirmar-se cada vez mais. E o exemplo melhor é que nas eleições locais cada vez mais votamos na pessoa e não no partido.

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